top of page

O CAMPO DOS AFONSOS E SEU ENTORNO URBANO

 

BREVE REFLEXÃO SOBRE A INTERFERÊNCIA DA URBANIZAÇÃO NAS

ORGANIZAÇÕES MILITARES (1912-1971)

 

Dr. Bruno de Melo Oliveira

Centro de Memória do Ensino/UNIFA

 

1. Introdução:

O presente artigo visa abordar algumas questões relativas à interferência do processo de ocupação do solo na Zona Norte do Rio de Janeiro nas atividades militares do Campo dos Afonsos. Circunscrevemos nossa reflexão aos anos de 1912 e 1971, período no qual se constituiu o espaço físico de parte da antiga Fazenda dos Afonsos em um campo de aviação até o encerramento das atividades da antiga Academia da Força Aérea.

Buscamos trazer para a discussão a interação desta unidade com o seu interno urbano, pontuando as transformações ocorridas nele e de que maneira isto condicionava as ações, necessidades e projetos daqueles que zelavam pela execução da missão de que o Campo dos Afonsos estava imbuído.

Nossa proposta se justifica pelo fato de terem ocorrido profundas transformações na ocupação do solo nos bairros cariocas que circundam os Afonsos e que estas interferiram no desempenho das atividades aeronáuticas, desde a criação da Escola Brasileira de Aviação até a transferência da Academia da Força Aérea, de suas dependências, para a cidade de Pirassununga, no estado de São Paulo.

As mudanças no ordenamento urbano podem ser sentidas como uma repercussão da instalação de atividades de cunho militar no referido espaço e do crescimento demográfico da região, situação que se manifestou pelo desenvolvimento de uma infraestrutura e aumento do número de áreas edificadas.

Contudo, como a realidade da sociedade humana é dinâmica, a reconfiguração do entorno, a dos bairros circundantes, influenciou também nas missões perpetradas nos Afonsos, favorecendo, inclusive, a transferência do trabalho de formação de cadetes aviadores para espaços mais amplos e adequados a instrução.

 

2. Questões teóricas:

A ocupação e a ordenação do espaço físico é uma das condições necessárias para o estabelecimento de qualquer organização humana, em qualquer escala de hierarquização social ou desenvolvimento tecnológico.

Fernand Braudel já advertia que “uma parte essencial de sua realidade [da civilização] depende das restrições ou das vantagens de sua localização geográfica”.

É sobre o território que tais criações humanas se operam, isto explica seu desenvolvimento e suas particularidades.  Portanto, em ao se tentar analisar algum aspecto da dinâmica da sociedade, o aproveitamento do meio geográfico e dos recursos que ele fornece constitui um dos pontos fundamentais para se melhor compreender como os homens e instituições criadas por eles surgem, desenvolvem-se, transformam-se ou extinguem-se.

Este aspecto, que por ventura ressaltamos, corresponde a apenas uma fração de uma estrutura global, que nos auxilia a refletir sobre uma parte de nosso objeto.

De fato, não considerar o Campo dos Afonsos em sua territorialidade é não dar o devido crédito a sua localização geográfica e às transformações do ordenamento urbano ao seu redor, é não ver a articulação desta unidade militar com a região em seu entorno.

A Guarnição dos Afonsos está plantada no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro e, como parte da paisagem da cidade, interfere em sua constituição, modela sua imagem e interfere em sua dinâmica.

Apropriamos ainda, nesta nossa empreitada, algumas reflexões de Maria Stella M. Brescianni, que enfatiza o fato de a cidade, bem como todos os seus elementos físicos, proporcionam não só uma experiência visual, mas também para o fato de ela ser “um lugar saturado de significações acumuladas através dos tempos, uma produção social sempre referida a alguma das suas formas de inserção topográfica ou particularidades arquitetônicas”.

Pensar, dialéticamente, a relação dos Afonsos com os bairros circundantes é pensar na mudança da missão desta organização militar na segunda metade do século XX, mais precisamente após a segunda metade da década de 1960.

A primeira metade de nosso procurará enfatizar mais aquilo que tange ao esvaziamento dos Afonsos, apresentando alguns elementos que auxiliam na explicação deste fenômeno.

O citado historiador francês adverte para o fato de que o “meio não explica tudo, embora represente um grande papel, na forma de vantagens dadas ou adquiridas”.

Além das contribuições ou restrições fornecidas pelo meio, existem outras vantagens que não são produtos do meio natural, não são imediatas, há sempre a necessária, além das chamadas vantagens adquiridas, as vantagens conquistadas, aquelas que dependem do esforço humano, das suas superações e de seus sucessos.

Em face destas considerações, destacamos que esta postura ativa do homem diante das condições que lhe são impostas configuram um elemento chave para a compreensão das modificações institucionais e no planejamento do Ministério da Aeronáutica.

O impacto do meio natural e humano interferiu no desempenho da missão da antiga Escola de Aeronáutica, situação que levou as autoridades a considerarem como necessário o seu deslocamento para ambientes mais adequados.

Advertimos que não pretendemos esgotar o assunto, mas apenas trazer a baila alguns indícios que possam fundamentar nossas argumentações. Sendo assim, quando chamamos a atenção para a inserção geográfica da Escola da Aeronáutica, o fazemos para evidenciar como as transformações e o crescimento urbano na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro foram interferindo na dinâmica de instrução desta instituição.

O estabelecimento de um projeto de criação do Grupo Precursor em Pirassununga corresponde a uma parcela de toda uma série de eventos e decisões que não se reduzem aos breves anos que antecedem a década de 1970.

Ao contrário, notamos que podem ser identificadas décadas de incompatibilidade do espaço urbano do subúrbio carioca com as necessidades das atividades militares no Campo dos Afonsos.

 

3. Transformação do espaço humano no entorno dos Afonsos:

            O ambiente que deu origem à unidade militar que abordamos remete-se a ocupação de porções de terras da antiga Fazenda dos Afonsos.

O próprio nome revela a gênese rural da localidade, aspecto que se manteve por longas décadas no decorrer do século XX. Não buscaremos as origens mais remotas da região. Estamos mais preocupados na identificação inicial do cenário na primeira década da vigésima centúria, tomando-o como marco da identificação das transformações operadas até a década de 1970.

Situada entre os bairros de Realengo, Jardim Sulacap, Vila Militar, Deodoro e Padre Miguel, a área compreendia uma série de unidades agrícolas cuja produção que era escoada para os principais ajuntamentos populacionais da Zona Norte e para o centro da cidade do Rio de Janeiro.

O panorama bucólico que então predominava foi sendo marcado pela instalação de organizações militares.

Como ressalta Cláudio Gomes de Aragão Viana, com base nas reflexões de Fridmann, “a região de Realengo”, por exemplo, “passou por um processo de desenvolvimento singular, que a transformou, em curto tempo, de um povoado agrícola em uma localidade militar, residencial e industrial”.

Aragão Viana destaca ainda que, “juntamente com a Fábrica de Cartuchos do Realengo, fundada no final do século XIX, a Escola Militar exerceu influência no processo de desenvolvimento e na configuração urbana da região (...)”.

O Campo dos Afonsos, que se localiza mais a Sul das unidades do Exército e se via incrustado nos limites da zona rural, viu-se afastado dos contatos diretos e das repercussões imediatas da implantação de indústrias na localidade, porém, suas condições físicas mostraram-se importantes para a nascente atividade aeronáutica brasileira.

Parte da superfície da Fazenda dos Afonsos foi servindo de espaço para acolher atividades do Exército no governo Hermes da Fonseca, como fica manifestado em um despacho publicado pelo Diário Oficial da União, em 1912, que informa que nestas terras foram realizadas manobras militares. Em expediente do dia 22 de fevereiro de 1913, na seção referente ao Ministério da Guerra, encontramos a seguinte notícia:

Ao Sr. Ministro da Justiça e Negócios Interiores, pedindo que seja cedido ao Ministério da Guerra, provisoriamente, para o estabelecimento de uma escola de aviação, o terreno a que se refere a planta que lhe foi entregue, sendo que, attendida a solicitação de que se trata, fica á disposição do ministério a seu cargo, para o serviço das unidades de cavallaria da Brigada Policial do Districto Federal, uma faixa de terreno situada na área pertencente á Villa Militar, em Deodoro, contígua á fazenda dos Affonsos.

Estes foram um dos primeiros passos para as transformações do terreno dos Afonsos em um aeródromo.

Não nos preocupamos aqui em nos aprofundar nas mudanças institucionais e os pormenores do trabalho do Aero Clube Brasileiro junto ao Ministério da Guerra na criação da Escola Brasileira de Aviação, o que nos importa e que constitui o núcleo de nossas preocupações são as modificações físicas no espaço estudado e como isto veio a interferir na instrução aérea com o passar do tempo.

Sendo assim, independente de ter abrigado uma instituição civil ou militar, o Campo dos Afonsos precisou se transformar e se adequar às novas necessidades daqueles que usufruíam de sua superfície. Como tal, fica clara a intervenção ocorrida em 1916, com a solicitação, pelo Aero Clube, de materiais presentes na Vila Operária Marechal Hermes que seriam empregados na “construcção de um barracão”.

A partir de 1919, com a contratação efetiva de uma missão estrangeira de aviação militar, o Campo dos Afonsos passou a sofrer inúmeras intervenções.

Melhorias no terreno, trabalho de terraplanagem, construção de novos hangares e outras instalações indispensáveis foram feitos para fomentar a prática aeronáutica no local.

No expediente do dia 26 de abril de 1919, o Ministério da Guerra é informado que:

Ao Sr. commandante que, tendo em vista attender ás necessidades da Companhia de Aviação, se permitte ao administrador da Villa Proletária Marechal Hermes assentar uma canalização de água, ligando o reservatório da Villa Militar ao registro daquela villa, devendo esse abastecimento ser regulado por meio de um registro especial collocado junto ao reservatório de modo a não prejudicar o consumo diário da Villa Militar; Obras de infraestrutura compreendiam o ponto importante de intervenção humana nos Afonsos, dotando a organização militar de meios para seu devido funcionamento.

Tais empreendimentos foram progressivos, não sendo feitos de forma imediata.

O desvio do curso de córregos e instalação de canalização com águas pluviais eram apenas uma parte do conjunto de trabalhos executados. A ampliação do número de alunos naquilo que se tornou a Escola de Aviação do Exército contribuiu para novas edificações.

Outro ponto que merece destaque nisso tudo tange à acessibilidade à unidade.

Devemos lembrar que o meio circundante mais próximo era ruralizado, marcado por uma parca ocupação humana, fator de vital importância para não apenas o deslocamento dos membros do quartel, mas também para o transporte de material para futuras instalações. Digamos que a organização, tal como boa parte das instalações do Exército no Rio de Janeiro, foi sendo inserida à rede ferroviária.

Desde o século XIX, os principais meios coletivos de locomoção terrestre de longa distância eram os trens ou os bondes, veículos que conectavam as regiões com ocupação humana mais antiga, como o centro da cidade do Rio de Janeiro e as localidades da Zona Norte e Oeste.

A importância dos meios ferroviários fica explicitada aqui na notícia do Diário Oficial da União:

O Sr. Presidente da Republica, em trem que partirá hoje da estação inicial da Estrada de Ferro Central do Brazil, ás 7 horas, e acompanhado dos. Srs.

Chefe e sub-chefe do seu estado-maior e seus ajudantes de ordens, irá assistir ás manobras militares que se estão realizando no Campo dos Afonsos.

            Não havia, contudo, no começo do século XX, ligação direta, por via ferroviária, do centro da cidade para o Campo dos Afonsos.

Mas, há muito tempo, para lá se dirigia um bonde puxado por tração animal, que ligava os núcleos populacionais mais próximos com a Invernada da Polícia Militar.

Sobre o emprego de conduções desta natureza, a pesquisadora Elisabeth van der Weid, comenta que, “além das empresas que atuavam nas áreas urbana e suburbana da velha capital, havia outras pequenas companhias de carris que, juntamente com os ramais das estradas de ferro na zona rural, completavam a rede de transporte coletivo da cidade”.

A malha de transporte das Zonas Norte e Oeste também se articulava pela “Companhia de Jacarepaguá, que ligava a estação ferroviária de Cascadura e a freguesia de Jacarepaguá, na zona rural”.

Mais tarde, na década de 1920, os esforços por levar até os Afonsos um ramal ferroviário se manifestaram no seguinte texto:

- Sr. Ministro da Guerra:

Submettendo á vossa consideração e officio incluso por cópia, da Directoria da Estrada de Ferro Central do Brasil, solicito vos digneis de providenciar no sentido de ser attendido o pedido feito no mesmo officio, com relação ao adeantamento de que trata o final do vosso aviso n. 77, de 30 de junho proximo passado, destinado á construcção do prolongamento até os «hangars» da Escola de Aviação Militar, no campo dos Affonsos, do desvio que serviu de transporte de materiaes para edificações nas proximidades daquelle campo (aviso n. 275|E|3).

A construção do dito ramal concluiu-se não muito tempo depois, fornecendo condições para o pleno funcionamento da Escola de Aviação Militar, que funcionava desde 1919. Todavia, este evento não concluiu as modificações do território do aeródromo, ao contrário, mais obras de infraestrutura foram realizadas no decorrer da década seguinte, principalmente após a sublevação ocorrida em 1935, fato que levou a destruição de parte do sítio arquitetônico do Campo dos Afonsos.

O sufocamento da revolta pelas forças constituídas pelas tropas fiéis a Getúlio Vargas varreu do mapa alguns prédios da unidade.

A remodelação do espaço foi executada logo após os trabalhos de rescaldo do movimento da Intentona Comunista.

A dimensão básica da organização ainda pode ser vista, apesar das intervenções posteriores, atualmente, representando a presença de formas de pensar e agir daqueles que conceberam as antigas edificações.

A região do entorno, por sua vez, também não se manteve estática, ao contrário, os bairros circundantes acompanharam, cada um a seu ritmo, o processo de incremento populacional.

 

A urbanização mais lenta do espaço imediato aos Afonsos não correspondeu à aceleração das transformações e da ocupação do solo do subúrbio carioca.

A desruralização da região de transição da Zona Norte para a Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro começou, progressivamente, a se mostrar como um elemento danoso para o sucesso da missão da Escola de Aeronáutica.

Parte dos meios de remodelamento do espaço da unidade militar também, como notaremos a seguir, a se mostrar como empecilhos para a boa execução da instrução aeronáutica.

Se por um lado, ocupamo-nos dos aspectos urbanísticos da região que compõe o território do Campo dos Afonsos e adjacências, nas próximas páginas apresentaremos alguns exemplos de como que o adensamento populacional da localidade começou a ser percebido pelos aviadores e aprendizes da organização.

O cenário em constante mudança repercutiu no desempenho das atividades da aeronáutica, como trataremos nas próximas páginas.

 

4. O Campo dos Afonsos e as limitações de seu entorno:

Para fomentar nossos esforços, recorremos aos relatos de um antigo oficial aviador, cujas memórias do tempo de cadete constituem um importante testemunho das condições da instrução na Escola da Aeronáutica.

Tentaremos, mesmo que brevemente, historiar os três anos que antecederam a extinção da escola. Alberto Murad, em seus relatos, dá-nos uma clara idéia dos percalços que poderiam fazer-se presentes na vida de um jovem aprendiz de aviador nos últimos anos de década de 1930, quando os Afonsos ainda eram uma organização militar do Exército Brasileiro:

Eu decolara do Campo dos Afonsos em direção a Marechal Hermes, passando sobre a linha de postes e fios elétricos da rua que marginava o campo. Ocupava a nacele da frente do avião, indo o Tenente Nicoll na nacele traseira.

Por sorte, mantive o motor a pleno mais tempo que o normal e ganhei bastante altura na reta da decolagem.

Fiz a curva para a esquerda e, só então, tratei de reduzir o motor, porém, sem olhar, coloquei a mão na manete da mistura e, acionando-a, cortei motor.

Sem perceber o que ocorria e julgando que o motor entrara, simplesmente, em pane o Tenente Nicoll pegou os controles, completou os 180 graus de curva e aproou para o campo.

Este, contudo, não foi o único acontecimento no qual as condições urbanísticas dos bairros da Zona Oeste impunham fortes limitações à instrução de aviação nos Afonsos.

Ainda no tempo da Escola de Aviação Militar, outra memória pessoal nos remete às dificuldades experimentadas nas atividades aeronáuticas na região provém de J. E. Magalhães Motta:

Os meses de setembro, outubro e dezembro, trouxeram algumas coisas inesperadas. Nossa turma sofreu o primeiro acidente: o ARRUDA, em treinamento de oito sobre estrada, voando um STEARMINHA, entrou em parafuso e chocou-se com o chão, próximo ao que é hoje a estrada Rio-Petrópolis, em Caxias.

Outra referência, quando o Ministério da Aeronáutica já havia sido criado e o Campo dos Afonsos acolhia agora a chamada Escola de Aeronáutica:

Começaram as viagens. A primeira, ainda de STEARMINHA, deu-nos a primeira sensação de nos afastar do CAMPO DOS AFONSOS; até então voávamos entre NOVA IGUAÇU, GALEÃO, MANGUINHOS e JACAREPAGUÁ.

De qualquer desses lugares sempre era possível avistar a “nossa casa”; era como se a ela estivéssemos ligados por um cordão umbilical.

Na primeira experiência, como que a nos libertar do ninho, fomos na reta até SANTA CRUZ e sobrevoamos o hangar do ZEPELIN que lá estava desde 1931 e agora inútil; um instrutor no solo anotava nossa passagem.

Ainda segundo Magalhães Motta, já um pouco mais tarde:

O “briefing” para treinamento na tarde do dia 6 foi rápido: voaríamos como havíamos feito no 7 de setembro, acrescidos de mais um “V” de 9 aviões; o vento soprava do sul e a decolagem seria na “antecaveirosa”.

Este era o nome pelo qual era conhecida a pista cruzada dos AFONSOS, em direção sul, passando os aviões, logo após a decolagem, sobre a estrada (hoje Av. Mar. FONTENELLE) e os fios de energia elétrica que a margeiam.

À frente ficavam vários morrotes todos plantados de laranjeiras.

Alberto Murad e Magalhães Motta não foram os únicos a relatar a dificuldades encontradas para o pouso e decolagem no Campo dos Afonsos.

Flávio E. Gomes, em 1944, poucos anos após a criação do Ministério da Aeronáutica, fornece-nos um cenário um pouco mais detalhado de quais eram as condições de instrução dos cadetes aviadores:

Eram dezenas de aviões voando ao mesmo tempo em instrução primária, básica e avançada, e mais os que vinham de fora, de outras organizações, só havia uma pista de concreto (09-27) e muitas vezes pousava-se nas pistas norte-sul (36-18), cognominadas “caveirosa” e “anticaveirosa”, porque eram mais curtas e na cabeceira sul passavam altos os fios de eletrificação do trem elétrico que servia ao transporte de material e pessoal do 1º Regimento de Aviação, do Parque de Material de Aeronáutica dos Afonsos e da Escola de Aeronáutica.

 A infraestrutura elétrica a qual se referiam nossas testemunhas corresponde ao conjunto da rede elétrica que alimentava os motores dos trens do ramal ferroviário que ligava o Campo dos Afonsos à Ferrovia Central do Brasil, que fora instalada em 1927.

Tal medida que visava o melhor funcionamento da organização militar e transporte de seu efetivo significou, contudo, para os aviadores um empecilho ao bom funcionamento da formação dos pilotos da Escola de Aeronáutica.

O crescimento da unidade demandou o melhoramento da acessibilidade a ela, porém, a presença dos trens elétricos representou, também, os acréscimos de mais um obstáculo ao bom andamento da missão dos Afonsos.

Mais outro incidente, mais vez ocorrido em área do subúrbio carioca já bastante povoada:

Mal saíramos do tráfego, voando a 1.000 pés, quando meu motor apresentou ruído estranho e logo a seguir a hélice travou atravessada.

À minha direita, pouco à frente, avistei um pequeno campo de futebol, terminando em um muro alto que o separava da linha da estrada de ferro, atual pré-metrô, que corre ao lado da Avenida Automóvel Club. Na outra extremidade, lado oeste, um pequeno morrote coberto com vegetação baixa permitiria minha entrada.

Comecei a perder altura como para uma aproximação de 90 graus: deveria dar com certa folga. Uma glissada final iria me posicionar para tocar bem no início da parte gramada.

Vi o OTÁVIO circulando à minha esquerda e me preparei para a final; repentinamente senti o flap ser abaixado, bem antes do que pretendia fazê-lo.

Passei raspando o topo do morrote e fui tocar um pouco antes da marca do campo. Freei tudo que pude e parei com a hélice a poucos metros do muro.

O local chamava-se COELHO NETO. No lado esquerdo, junto à cerca ficava uma Escola Pública, com o nome DUQUE DE CAXIAS gravado em sua parede.

Hoje o nome é outro, mas a escola continua lá.

Em poucos minutos o avião estava cercado de curiosos.

A garotada não poderia encontrar melhor motivo para abandonar as aulas. As professoras foram as primeiras a correr para ver os aviadores que se dispunham a jogar bola.

O mecânico, 3º. Sgt ÊNIO, querendo me ajudar, pois... “Pensara”... que eu havia esquecido do flap, baixou-o por sua livre iniciativa e quase me jogando topo do morrote!!

Em nenhum momento das narrativas memorialísticas menciona-se a existência de um entorno aberto, ou seja, áreas amplas nas quais a instrução aeronáutica poderia ocorrer sem que os pilotos tivessem que cuidar apenas de fazer sua aeronave decolar sem se importar com os obstáculos produzidos pela intervenção arquitetônica e urbanística.

Postes, fios de alta-tensão, escolas, estradas, campos de futebol compartilhavam os mesmos espaços que os aviões em seus pousos, decolagens ou falhas de qualquer natureza que faziam o aeroplano perder o controle.

A cidade do Rio de Janeiro havia comprimido o espaço que circundava o Campo dos Afonsos, crescendo e limitando a realização da missão fim desta unidade militar.

A “materialidade” da cidade — como Maria Stella Brescianni qualifica as intervenções humanas tal como ruas, praças, edifícios públicos e particulares — se interpõe entre as necessidades da Escola de Aeronáutica e desempenho de seu corpo de alunos.

Em 1938, notamos, pelo relato de Alberto Murad, a limitação do vôo dos aprendizes de pilotos na Escola de Aviação Militar, a área de formação restringia-se ainda aos bairros próximos ao aeródromo-escola dos Afonsos.

Na década de 1940, considerando as memórias de Magalhães Motta mostra-se uma ampliação do espaço da instrução, que incluía a Zona Oeste, correspondendo ao bairro de Jacarepaguá, Galeão e Manguinhos, às margens da Baía da Guanabara e a cidade de Nova Iguaçu, da Baixada Fluminense.

Os lugares trazidos à memória por estes antigos pilotos da Força Aérea eram então muito pouco densamente povoados, excetuando Nova Iguaçu.

Com um lapso de duas décadas, encontramos as experiências de Jober Rocha, que nos legou úteis impressões sobre as áreas de treinamentos dos pilotos da Escola de Aeronáutica:

Nosso local de treinamento era a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes que, naquela ocasião, eram áreas praticamente desertas.

Decolávamos de Marechal Hermes e nos dirigíamos para aquela região, voando visual.

O Campo dos Afonsos possuía uma pista de concreto e, ao lado, em paralelo, uma pista de grama que utilizávamos para pousos e decolagens.

O grau de periculosidade da atividade aeronáutica se potencializava com a inexperiência dos aeronautas, com a ainda precária tecnologia de prevenção a acidentes do maquinário aéreo, as condições do tempo e com a localidade onde tais práticas eram efetuadas.

Para tentar amenizar tal circunstância, o afastamento dos aviões para os recônditos mais desabitados da Zona Oeste manifestou-se como uma opção provisória para a manutenção da instrução de aviação da Escola de Aeronáutica.

Já na década de 1960, o adensamento demográfico da Zona Norte já não permitia a livre condução do aprendizado dos jovens pilotos da Força Aérea Brasileira. Contudo, em 1964, quando Jober Rocha ainda era um cadete no Campo dos Afonsos, o projeto de transferência da escola para Pirassununga já estava em pleno funcionamento.

O próprio ex-cadete chegou-se a envolver em um acidente em seus primeiros vôos, quando veio a fazer uma aterrizagem forçada no bairro Jardim Ideal, na cidade de São João de Meriti.

Por conta do mau tempo, o jovem piloto em seu Fokker T-21 não pode se orientar para fazer o retorno ao “Ninho das Águias”, sendo obrigado a procurar uma segunda opção para aterrar em segurança.

Outro evento que demonstra a inadequação das atividades aeronáuticas provenientes do Campo dos Afonsos diante da realidade circundante teve também como protagonista um cadete aviador.

Em edição de 9 de maio de 1959 do jornal paulistano a Folha da Manhã, periódico que precedeu a Folha de São Paulo, notificou a ocorrência de acidente aeronáutico no bairro Coelho da Rocha, segundo o jornal na cidade de São João de Meriti.

O fato ocorreu no dia anterior, por volta das nove e meia da manhã, tendo sido uma queda de um Fokker T-21 oriundo do Campo dos Afonsos.

As vítimas fatais da queda gerada por uma pane foram o 1º tenente instrutor Celso Garcez Mancio e o cadete Sekicucin de Carvalho.

O jornal não especifica exatamente o lugar da queda do aparelho, restringindo-se a informar que o evento aconteceu próximo a Nova Iguaçu e que foi “mais um novo acidente” da Força Aérea naquela localidade.

O resultado foi muito mais dramático que os precedentes, mobilizando a opinião pública contra a permanência da Escola da Aeronáutica no Rio de Janeiro, veio a acontecer em dezembro do mesmo ano de 1959.

Aqui neste caso as intervenções urbanísticas no entorno da organização militar não interferiram no desfecho do fato, mas demonstram como que o espaço dos céus cariocas não mais fornecia condições a uma segura instrução aeronáutica.

O caso do acidente aéreo no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro foi o pior exemplo da inadequação da missão do Campo dos Afonsos em meio à geografia urbana do Grande Rio:

Por volta das 14 horas daquela mesma terça-feira [22 de dezembro de 1959], o comandante Carlos Teles Sobral retornava do Aeroporto do Galeão.

Quando ingressava na Avenida Brasil, teve a atenção despertada por um Viscount da VASP que sobrevoava o Bairro de Ramos para pousar na pista 32. Em seguida, avistou um Fokker T-21 da FAB sair de um parafuso e subir em direção ao quadrimotor.

Pressentindo o choque, Sobral pediu ao motorista que parasse o táxi e viu o T-21 colidir com a ponta da asa esquerda do Viscount, que se foi inclinando gradativamente à esquerda como buscando a pista.

Sobral percebeu, no entanto, que o piloto lutava desesperadamente para retomar o controle do turboélice, que descia lenta e inexoravelmente em direção ao solo.

“Meu Deus, vão morrer!”, exclamou desesperado. Instantes depois, uma espessa fumaça negra anunciava a consumação da tragédia.

O piloto do avião T-21 era o então cadete-do-ar Eduardo da Silva Pereira, jovem militar que havia ultrapassado os limites do espaço aéreo de instrução da Escola de Aeronáutica, passando a avançar sobre o espaço aéreo da aviação comercial.

Este problema manteve na década seguinte, conforme nos relata Carlos Ari Germano, cadete no Campo dos Afonsos até dezembro de 1968.

Em suas memórias, o autor destaca a “exigüidade do espaço aéreo da organização militar, pois estava situado em plena rota que ligava São Paulo e o Sul do Brasil ao Rio de Janeiro.

O adensamento habitacional e populacional na Zona Norte e na Zona Oeste do Rio de Janeiro começaram a tornar as instruções na Escola de Aeronáutica cada vez mais difíceis.

O espaço aéreo já não mais comportava o deslocamento de aeronaves guiadas por ainda inexperientes pilotos.

Redes de transmissão de energia, casas, escolas, ruas, estações de trens, vias férreas e a topografia da região, somados a ainda precariedade tecnológica dos aparelhos voadores, depunham contra a permanência da escola.

Os céus do entorno do Campo dos Afonsos constituíam uma ameaça ao cotidiano dos habitantes do subúrbio carioca e um entrave para o bom desempenho dos alunos da escola de aviação.

A localização da instituição não estava mais adequada às necessidades desta.

A boa formação de cadetes aviadores demandava um novo cenário, algo compatível com os projetos de desenvolvimento da aeronáutica militar brasileira.

Uma solução precisava ser tomada e ela não estava mais no Campo dos Afonsos, não estava mais na cidade do Rio de Janeiro e nem mais nos arredores de uma grande cidade.

 

5. Ventos de mudanças:

Já na década de 1940 surgiu o programa que deu início ao projeto de transferência de uma nova escola de aviação da Força Aérea Brasileira, aquilo que deu origem ao Destacamento Precursor da Escola da Aeronáutica, na década de 1960.

A cidade escolhida para abrigar a nova escola de aviação foi Pirassununga, localizada no interior do Estado de São Paulo.

A geografia da região é marcada pela pouca quantidade de oscilações topográficas, a economia, pautada na agricultura, tem na produção de cana-de-açúcar a principal atividade.

Não pretendemos avançar aqui sobre o processo de formação da nova organização militar, já que nossos os esforços de nossas reflexões dedicasse às transformações operadas no Campo dos Afonsos, todavia, não podemos deixar de considerar que o destino desta unidade entrelaçava-se a citada cidade do interior paulista Vamos tentar reconstituir a paulatina idealização da uma nova escola e de que maneira e com que meios foi fundada uma nova unidade de instrução aeronáutica no Brasil.

A primeira manifestação oficial que identificamos até este momento data do começo da década de 1940, dois anos após a criação do Ministério da Aeronáutica.

Através do Aviso nº 16, de 23 de janeiro de 1942, foi designada uma comissão de Oficiais Aviadores, com a finalidade de escolher um novo local, isento das limitações do Campo dos Afonsos, para a construção da nova Escola de Aeronáutica.

No texto Doorgal relembra os motivos da empreitada, destacando que já no início da década de 1940, o espaço aéreo do Campo dos Afonsos estava ficando muito saturado .

Em suma, convergindo com a narrativa de Carlos Ari César Germano da Silva já mencionada, a vinda de aeronaves do sul do país a gerar problemas para a Escola de Aeronáutica.

Tal elemento destaca, como nos adverte Doorgal Borges, a ampliação da aviação comercial, fato que já começa a gerar conseqüências sobre os céus dos Afonsos. Segundo a recordação do militar, foi necessário fazer um grande estudo para a identificação do melhor espaço para a instalação da escola de aviação, atentar para a inserção geográfica e para as condições climáticas.

Chuvas muito constantes e bruma matinal constituíam os fatores a ser evitados ao máximo.

Sete anos mais tarde, o Ministério da Aeronáutica, por meio da Portaria n.° 6, de 7 de janeiro de 1949, designou uma nova comissão para apresentar um de criação de uma nova escola de aviação da Força Aérea, formando-se, assim, a Comissão de Estudos e Construção da Escola de Aeronáutica.

Essa comissão recebeu a incumbência de submeter à aprovação do Ministro da Aeronáutica a proposta de atualização do projeto da Escola, bem como providenciar e fiscalizar a sua construção, em Pirassununga.

Apesar de sua permanência no grupo, havia pressa para que o problema da intensificação do tráfego aéreo próximo ao Campo dos Afonsos fosse saneado, pois estava aumentando a probabilidade de choques entre os aviões provenientes da Escola de Aeronáutica e aviões comerciais

O sucesso da empreitada manifestou-se em poucos anos, pois, em 17 de outubro de 1960, foi inaugurado o Destacamento Precursor da Escola de Aeronáutica, durante as festividades da semana da Asa, com a presença do Ministro da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Francisco de Assis Corrêa de Mello, o governador do Estado de São Paulo e outras autoridades civis e militares.

A década de 1960 foi marcada pela consolidação do projeto de transferência das atividades da Escola da Aeronáutica para o estado de São Paulo.

No decurso de quase dez anos podemos notar um processo de esvaziamento das funções do Campo dos Afonsos, as turmas de cadetes que até 1971 freqüentaram. Com base nas memórias de militares que estamos analisando, podemos notar que a menção ao Campo dos Afonsos vai se tornando cada vez mais esparsas, até o ponto em que deixa de aparecer nas recordações dos militares.

 

6. À guisa de conclusão:

Em 1973, concluiu-se todo o processo de instalação da Academia da Força Aérea na cidade de Pirassununga.

Entre os anos de 1971 e 1973, o Campo dos Afonsos, que até o início da década de 1970 correspondia ao espaço de formação dos futuros comandantes da Força Aérea Brasileira, passou para um papel secundário.

A velha unidade militar havia sido transformada no Escalão Recuado da Academia da Força Aérea, uma extensão de uma organização principal. Ainda que temporariamente, a perda de autonomia administrativa significou também o recuo das atividades de instrução aeronáutica.

Quando a instalação do Grupo de Apoio dos Afonsos, em 1973, nas dependências da antiga Escola de Aeronáutica se efetivou plenamente, foi possível notar que o local perdeu a importância que gozara até então.

Quanto mais a cidade do Rio de Janeiro crescia, mas distante o passado lendário dos Afonsos se tornava.

Em contrapartida, as planícies agrícolas do interior paulista tinham o seu espaço aéreo cortado pelas novas gerações de aviadores militares brasileiros, formando um novo lugar, que, diferente dos antigos subúrbios cariocas, está protegido da expansão urbana desenfreada e da explosão demográfica de uma grande metrópole.

Pensar a inserção das unidades militares, como a Escola de Aeronáutica/Academia da Força Aérea, é refletir no impacto de movimentação no território de seu entorno.

A adequada formação de novos pilotos precisou suplantar qualquer tendência nostálgica que pudesse salvaguardar o Campo dos Afonsos, pois o risco da instrução de vôo não se limitava aos danos aos veículos aeronáuticos e a seus condutores, mas também a população que por ventura pudesse ser atingida pela falha ou descuido de homens e máquinas.

O custo humano, levado em consideração pelas autoridades, representou o elemento chave para se compreender a todo o processo que procuramos, timidamente, analisar.

 

7. Bibliografia:

a) Fontes primárias:

Jornais e periódicos:

Dois mortos na queda de avião, Folha de São Paulo, 9 de maio de 1959, p. 2.

D.O.U. Ministério da Guerra, 6 de outubro de 1912, p. 1912.

D.O.U. Ministerio da Guerra, 2 de março de 1913, p. 3158.

D.O.U. 17 de setembro de 1916, p. 10546.

D.O.U. Ministerio da Guerra, 3 de maio de 1919, p. 6097

D.O.U. Noticiário, 8 de novembro de 1916, p. 12469

D.O.U. Ministério da Guerra, 21 de outubro de 1921, p. 19582.

 

Relatos e memórias:

MOTTA, J. E. Magalhães. Força Aérea Brasileira (1941-1961): como eu a vi... Rio de Janeiro: INCAER, 1992.

MURAD, Alberto. Reminiscências de um velho oficial da Força Aérea Brasileira. São Paulo: Atheneu, 2002.

OLIVEIRA, Flávio E. Gomes. Sobrevoando o passado: memórias de um Cadete-do-Ar da Turma de 1944 Escola de Aeronáutica – Campo dos Afonsos. Joinville: Letra D´água, 2005.

ROCHA, Jober. Memórias de um ex-cadete da aeronáutica. Rio de janeiro: INCAER, 2010.

SILVA, Carlos Ari César Germano da. O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através de seus acidentes – 1928-1996. 2 ed. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2008.

________. Ao vento, sobranceiro. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2011.

 

Decretos, leis, regulamentos, portarias e avisos:

Decreto nº 31.402, de 8 de Setembro de 1952. Regulamento da Administração da Força Aérea (R.A.D.A.).

Decreto nº 60.521, de 31 de Março de 1967. Estrutura Básica da Organização do Ministério da Aeronáutica.

Decreto nº 61.800, de 10 de Julho de 1969. Muda a denominação de Organização do Ministério da Aeronáutica e dá outras providências.

 

 b) Fontes secundárias:

FERREIRA, Jorge, DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O Brasil republicano. O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, 2v.

________. O Brasil republicano. O tempo da experiência democrática: da democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, 3v.

________. O Brasil republicano. O tempo da ditadura: Regime militar e movimentos sociais em fins do século XX. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, 4v.

BRAUDEL, Fernand. A civilização se define em relação às diversas ciências humanas. In: ________. Gramática das civilizações. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FREITAS, Marcos Cezar de (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2010.

VIANA, Claudius Gomes de Aragão.

Realengo e a Escola Militar: um estudo sobre memória e patrimônio urbano.

In: PPHPBC/Cpdoc/FGV. Revista Mosaico, Edição nº 2, ano I. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/mosaico>. Acessado em: 2 mai 2008. WEID, Elisabeth von der. O bonde como elemento de expansão urbana no Rio de Janeiro.

Copyright Luis Crlos Dos Reis - 2020

bottom of page